PRECE DE CARÍTAS
Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus! Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.
Pai! Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.
Senhor! Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem; esperança àqueles que sofrem. Que a vossa bondade permita sempre aos espíritos consoladores derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem; esperança àqueles que sofrem. Que a vossa bondade permita sempre aos espíritos consoladores derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.
Deus! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra! Deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão; todas as dores acalmar-se-ão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha nós Vos esperamos com os braços abertos. Oh! Poder... Oh! Bondade... Oh! Beleza... Oh! Perfeição... E queremos de alguma sorte alcançar a Vossa misericórdia.
Deus! Dai-nos a força de ajudar o progresso, a fim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura; dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade, que fará de nossas almas o espelho onde se deve refletir a Vossa Pura e Santa imagem.
A prece de Cáritas é a mais linda e comovente em toda a literatura espírita, mas sua origem não é muito conhecida: se perguntarem à maioria dos espíritas como ela surgiu, e o porquê da denominação de "Cáritas", poucas pessoas arriscarão dar um parecer.
O que se apregoa nos meios religiosos, e principalmente no movimento espírita, é que "Cáritas" é um espírito que se comunicava através das faculdades de uma das grandes médiuns de seu tempo: Madame W. Krell, no círculo espírita de Bordeux, na França de Allan Kardec. A prece foi psicografada na véspera do Natal de dezembro de 1873, há mais de cem anos.
Acredita-se que esse espírito foi no passado a figura de Irene, que foi martirizada em Roma no ano 305, quando das perseguições do Imperador Diocleciano. Canonizada por sua religião - a posteriori veio a ser conhecida como Santa Irene - ela e suas irmãs foram convertidas ao Cristianismo. Diocleciano determinou perseguição aos cristãos, e ela foi acusada de possuir "livros proibidos" e, por isso mesmo, foi condenada à fogueira, enquanto suas irmãs foram degoladas à sua frente.
Madame Krell, esquecida no presente, pode ser considerada um dos maiores médiuns psicográficos da história do Espiritismo. A perfeição extraordinária de mensagens psicografadas dos maiores nomes da poesia francesa não poderia jamais colocar o nome da médium em cheque. Na prosa Madame Kreel recebia constantes comunicações do Espírito de/da Verdade, Dumas, Lacordaire, Lamennais, Pascal, do famoso grego Ésopo, Fénelon e outros, que foram publicados no livro "Rayonnementes de la Vie Spirituelle", em maio de 1875. Ressalte-se que madame Kreel psicografava em transe, tendo colocado no papel o trabalho de Lamartine, André Chénier, Alfred de Musset, Edgard Allan Poe, Saint-Beuve, além de mensagens como "A esmola espiritual" e "Como servir a religião espiritual":
"A esmola, meus amigos, algumas vezes é útil, porque alivia os pobres. Mas é quase sempre humilhante tanto para quem dá, quanto para quem a recebe. A caridade, pelo contrário, liga o benfeitor e o beneficiário e, além disso, se disfarça de tantas maneiras! A caridade pode ser praticada mesmo entre colegas e amigos, sendo indulgentes uns para com os outros, perdoando-se mutuamente suas fraquezas, cuidando de não ferir o amor-próprio de ninguém."
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